Reflexões dos 30

Liandra Vianna
5 min readSep 14, 2020

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Chegando próximo aos 3.0 comecei a fazer uma retrospectiva de como foram as minhas três primeiras décadas de vida e refletir sobre o que consegui aprender com elas. Dentro da minha filosofia religiosa, o objetivo da vida é sair melhor dela do que chegamos. Como fazemos isso? Extraindo uma lição de toda e qualquer situação que nos deparamos, seja ela boa ou ruim, para o nosso crescimento pessoal e aplicando-a no nosso dia a dia. Os aprendizados que compartilho neste artigo, aconteceram ao longo dos últimos cinco anos por meio da sobreposição de inúmeras barreiras, físicas, emocionais e mentais, que espero que você, leitor, não tenha que passar para aprender. Logo, decidi compartilhá-las, para que juntos possamos trocar experiências e abandonar certos paradigmas que só nos prejudicam e expandir o olhar para horizontes libertadores.

O caminho certo é o percorrido

Conversando com um amigo sobre o desenrolar da tese de doutorado dele, que estava tomando um rumo que ele não esperava quando começou o curso, ele chamou minha atenção para o fato de que inevitavelmente o tema das teses sempre muda. Em seu mestrado tinha sido assim e agora não seria diferente. Quando iniciou sua pesquisa ele tinha um projeto definido, diretrizes estabelecidas, aprovação e incentivo da orientadora, mas conforme sua pesquisa foi evoluindo, seus testes tendo resultados diferentes do esperado e novas descobertas inesperadas acontecendo, os rumos de sua tese foram mudando e se moldando às informações que ele absorvia no caminho.

Esse pensamento de que “vamos descobrindo o caminho ao longo do percurso” já tinha passado pela minha cabeça em relação à vida em geral. Quando eu tinha 15 anos e comecei a fazer planos para o futuro, tinha um planejamento estabelecido para todas as etapas da minha vida com lugares e datas. Aos 19, depois de perceber que o curso universitário que tinha escolhido, não tinha tanto a ver comigo e decidi fazer outro vestibular para estudar o que eu julguei na época, ser o mais vantajoso e adequado às minhas aspirações e inclinações profissionais, mudei de área pela primeira vez. Aos 27 quando, por acaso, descobri uma nova área de conhecimento, que se encaixava perfeitamente, tanto no que eu tinha talento para fazer, quanto no que eu realmente gostava de fazer, mudei de planos novamente.

Para uns, essas mudanças de direção podem soar como características de uma pessoa indecisa e que não sabe o que quer da vida. Mas hoje, já penso que fui descobrindo meu caminho conforme o percorria, sendo minha mudança de carreira atualmente, minha maior motivação para acordar de manhã, porque sei que com ela vou poder fazer algo que me motiva e pelo qual sou apaixonada, ao mesmo tempo em que ajudo a moldar uma sociedade melhor através dos meus serviços.

Quando saí da faculdade, fiquei alguns anos sem conseguir me colocar no mercado, pois me formei logo quando a crise da Lava-Jato se iniciou no Brasil. Por muito tempo fiquei frustrada e me sentindo a pessoa mais incompetente do mundo, mas esse momento de desemprego me levou a fazer cursos, aprender novas habilidades, conhecer lugares e até trabalhar em cidades, cargos e instituições que eu nunca tinha me imaginado. Também foi graças a esse tempo que pude conhecer pessoas, viajar, desenvolver habilidades na prática, crescer como pessoa, enfrentar novos desafios e superá-los, bem como me conhecer melhor e definir com mais clareza quais eram meus objetivos, sonhos e aspirações para a vida. Vale destacar que, enquanto eu estive estagnada naquele planejamento que tinha feito aos 15, minha vida parecia uma grande sucessão de fracassos, mas quando percebi todo o aprendizado, o estágio de maturidade que cheguei, a pessoa que me tornei graças a eles, vi que não foi tempo perdido, foi o caminho moldando quem eu seria mais a frente. Na época não consegui enxergar, mas hoje sou profundamente grata a todos esses imprevistos, dificuldades e mudanças de percurso, que me tornaram o ser humano que sou hoje, muito mais resiliente, que sabe identificar oportunidades quando elas aparecem, que sabe lidar melhor com as pessoas, mais humilde e menos presa ao passado.

Pensamentos do tipo “e se eu tivesse feito/agido/pensado/escolhido de outra forma” nos aprisionam no passado, nos paralisam e não nos motivam a olhar para frente. As escolhas que fazemos e as decisões que tomamos são aquelas que nos moldam e formam nossa experiência de vida e qualquer experiência é válida, positiva ou negativa, boa ou ruim, se soubermos transformá-las em um mecanismo propulsor para nos aproximar de quem queremos nos tornar.

Não lute contra a corrente, nade com ela

A orientação para sobreviver no mar é nadar no fluxo da corrente, ao invés de tentar lutar contra ela, porque fatalmente vamos perder essa luta e acabar nos afogando. Na vida não é diferente. Quando paramos de lutar contra as coisas que acontecem conosco e das quais não temos controle, e passamos a usá-las para o nosso crescimento, é quando abandonamos a sensação de que está dando tudo errado e começamos a fazer com que a aquela situação inesperada trabalhe ao nosso favor.

As dificuldades que atravessamos podem nos derrubar ou nos motivar a superá-las, tudo depende de como as encaramos. Grandes inovações são criadas para solucionar problemas, logo grandes problemas requerem a criação de soluções inovadoras. Pensando nisso, adotei o mantra “o que posso aprender com isso?” para todos os obstáculos que enfrento, a fim de que aquilo não me paralise, não me diminua e não me torne alguém pior do que era. As vezes, os apertos que a vida nos dá servem para nos tirar na zona de conforto e nos motivar a evoluir e ir mais além do que acreditamos que podemos.

Quanto mais você se conhece, menos os outros influenciam a sua vida

Não me canso se falar sobre os milagres que a terapia tem feito na minha vida em apenas um ano de tratamento. Claro que depende muito de mim também, em identificar os aspectos que me incomodam e os que acredito que posso melhorar e levantar a discussão nas sessões. Mas desde que comecei a olhar para dentro, sou cada vez menos influenciada pelo que vem de fora. É um processo constante, diário e eterno, mas que traz benefícios significativos na minha percepção de valor próprio, da minha capacidade, do senso de responsabilidade para com a minha felicidade, as definições de sucesso, entre muitos outros aspectos.

Esse processo de autoconhecimento tornou claro que o controle que as pessoas e os fatores externos exercem sobre nós a nossa personalidade, só acontece se a gente deixar. O que significa que, quanto mais clareza sobre quem somos, quais são os nossos valores, o que gostamos ou não, o nosso valor e a nossa capacidade, nós temos, menor importância a opinião dos outros têm na nossa vida. Desde que estejamos vivendo de acordo com o que acreditamos ser o melhor para nós mesmos, a aprovação ou crítica de terceiros se torna irrelevante, já que seus valores e crenças são completamente diferentes dos nossos.

Afinal, a vida é um lento e longo processo de aprendizado e espero que as próximas décadas tragam ainda mais conhecimento, crescimento, evolução e me tornem uma pessoa um pouquinho melhor a cada dia. E para você, quais lições aprendeu e gostaria de passar à frente?

Enfim, a vida é um lento e longo processo de aprendizado e espero que as próximas décadas tragam ainda mais conhecimento, crescimento, evolução e me tornem uma pessoa um pouquinho melhor a cada dia. E para você, quais foram as lições aprendidas?

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Written by Liandra Vianna

Service Designer, passionate about learning languages and solving problems. Sharing experiences & lessons learned.

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